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- Particularmente, fazer postagem em blog é algo sério e interessante para o meu aprendizado. Por mais que o texto seja meramente um ''bom dia'' ou ''faz calor lá fora'', quero dizer que tudo têm um valor. É aqui que aprendo, erro e acerto. Gosto muito do meu blog, das postagens feitas desde o início e espero que você, leitor, encontre alguma coisa útil que lhe faça comentar ou criticar. Críticas (positivas ou negativas) são sempre aceitas e compreendidas. Pois, diga-se de passagem, é sempre bom ter um espaço pessoal e, supostamente, democrático.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Aplausos para a mídia


A mídia e a espetacularização da cultura de Maria do Rosário Gregolin é interessante porque discute claramente como a mídia mescla os acontecimentos apresentados ao público através dos telejornais e programas.
Compreendendo o processo da transformação da cultura em espetáculo, torna ainda mais complexo e dificultoso distinguir nos noticiários o que é ficção e o que é realidade. Ou seja, os fatos presentes em uma reportagem jornalística se assemelham às histórias, aos capítulos de uma novela, de um filme e vice-versa.
Os meios de comunicação predominantemente jornalísticos adotam o modelo da ´´teatralização`` e fazem da realidade um espetáculo, um show, com direito a audiência e aplausos. Se analisarmos alguns acontecimentos polêmicos nos últimos anos, perceberemos tal similaridade existente entre o universo da fantasia e o universo concreto.
Exemplo claro e óbvio é o ´´inesquecível`` 11 de Setembro quando as torres gêmeas nos Estados Unidos deixaram de ser um dos símbolos do país e foram destruídas com o suposto atentado, transformando-se em pó. A cena mostrada constantemente nos telejornais era típica, familiar dos telespectadores, devido, as grandes produções cinematográficas norte-americana. Complementando o envolvimento da realidade com a ficção, Maria Gregolin destaca:

11 de Setembro: assistimos ao vivo, pela televisão, aviões se chocarem contra as Twin Towers e a cena era familiar, pois, já a tínhamos visto, inúmeras vezes, nas telas, em super-produções americanas. Entre a cena real e alguma cena de filme, ficamos indecisos: como distingui-las na era das tecnologias de informação, quando tudo se volatiza em imagens e redes flutuantes que invadem nossa percepção? O assombro banalizou-se. A cena, incontáveis vezes repetida, cristalizou-se nos instantâneo de nossas retinas, como parte do espetáculo que, passando o espanto, grudou-se no cotidiano. (Gregolin, 2003, p. 1)


Essa transformação – dos acontecimentos em espetáculo – não deve ser considerada meramente por preferências e motivos particulares de um ou outro, que atendem apenas um setor dominante. Mas por fatores específicos que ao mesmo tempo envolvem questões ideológicas, audiência, lucro e a própria política que aqui não será aprofundada.
Se o objetivo é mostrar o espetáculo que a mídia faz de determinados assuntos abordados pelos diversos veículos de comunicação, o recente caso Eloá serve como comprovação desta prática comum dos telejornais e outros diversos programas de informação.
A jovem de 15 anos, morta pelo namorado após um seqüestro de dias intermináveis tornou-se mais um espetáculo da imprensa brasileira. Além de outros acontecimentos que já tiveram seus 15 minutos de fama, como o caso Suzane Von Richthofen e o caso Nardoni, este, também serviu enquanto disputa de audiência, apresentando durante a semana uma seqüência de capítulos, deixando os telespectadores na expectativa.
Ao escolher o Jornal Hoje da rede Globo para esclarecer e fundamentar esse tipo de trabalho fica evidente determinada proporção e tamanha repercussão e atenção atribuída no caso pelos meios de comunicação.
O que mais surpreende é o ´´vai e volta`` e o ´´bate na mesma tecla`` que apresentadores e repórteres exercitam a cada edição. O dia seguinte nem sempre acrescenta novas informações e, quando acrescentadas, são minoria.
Válido mesmo é ´´relembrar`` a cada programa o que é o caso e, é claro, não deixar de mostrar imagens semelhantes aos dias anteriores, as quais, quando analisadas criticamente não acrescentam em nada. São imagens vagas.
Discursos e recursos semióticos são nada mais que meios utilizados pela maioria dos veículos para ganhar a atenção do público. Especificamente o Jornal Hoje, além de matérias prontas exibidas diariamente, imagens ao vivo também eram exploradas, onde, repórteres permaneciam de plantão no local do seqüestro. Discursos como ... Era pra ser apenas a história de um amor. Virou um crime... Enfeitavam a reportagem.
Dessa forma, o mesmo caso passa a ter maior destaque quando o seqüestrador Lindemberg inicia sua negociação com policiais. O seqüestro que já durava três, quatro dias era assunto de ônibus, fila de banco, bate papo de bar, aula de faculdade e de todos que pararam no tempo para assistir ao espetáculo. Esqueceram que outras notícias vagavam por aí e que poderiam ter muito mais relevância na vida de cada um do que o próprio caso Eloá.
17 de Outubro, 96 horas de cativeiro. O Jornal Hoje volta com informações ao público, imagens gravadas, imagens ao vivo. Todos os dias o show era apresentado. 18 de Outubro – dia seguinte – termina o seqüestro com um resultado nada positivo. A adolescente morre e a amiga é ferida.
Não bastasse todo o envolvimento da mídia durante o seqüestro da jovem, o ´´roteiro`` não terminava ali. As cenas continuavam a ser gravadas, surpresas ao público aconteciam.
A cada capítulo novas revelações. Para quem conhece as histórias das novelas brasileiras sabe o que estou falando. As revelações em torno do histórico de vida do pai de Eloá que, aliás, já estava morta era o que ainda prendia os telespectadores na continuidade do caso.
Uma continuidade que rendia audiência e conseqüentemente lucro, mas, que não saía da mesmice. E o Jornal Hoje – apesar das exceções – estava sempre presente no sistema ´´repeteco.``
Neste trabalho, o telejornal da rede globo foi o destaque para que houvesse uma melhor exemplificação do que foi discutido. Entretanto, sabemos que não só o Jornal Hoje, como outros diversos telejornais e programas trabalharam da mesma forma neste e demais casos em destaque na mídia. Telejornais que não se limitavam apenas a rede globo, mas também há outros canais.
Band, SBT, Record ... tem lá seus criadores de espetáculo. Assim como os programas de rádio e os noticiários em jornais impressos, afinal, são eles a mídia.
Ao propor um paralelo com outras matérias estudadas na faculdade e temas discutidos e analisados em sala, várias questões surgem como causa e duvidas sobre esse comportamento de espetacularização pela mídia. Seria, portanto, essa conseqüência do espetáculo - visando à audiência e o lucro – uma questão proporcionalmente do agendamento?
A mídia sabe perfeitamente causar essa transformação assustadora e dar seus próprios caminhos e finais aos acontecimentos. Com essa questão em destaque parece irônico, mas, relativamente interessante saber quem é que ensinou ao outro o poder de contar histórias ao público. Os autores de novelas ou os telejornais?
Glória Perez, Manoel Carlos, Aguinaldo Silva, de certa forma, assistem aos jornais para criarem seus personagens e suas histórias. Enfim, a ficção copia a realidade ou a realidade copia a ficção?
Eloá foi a protagonista que não se deu bem. O vilão está preso, mas vivo. A historinha da jovem seqüestrada já rendeu bons capítulos nos jornais. Outros contos vão surgindo, outros acontecimentos ganham destaque e também se transformam em espetáculo.




2 comentários:

  1. Saulo! Texto excelente! Totalmente coerente e consiso no que diz respeito! Estruturado de de tema polêmico!
    Sinceramente, goto de textos desta modalidade, eh algo ao estilo "Arnaldo Jabor"!
    Olha, sinceramente, agora pude crer que seu dom eh esse, basta somente usá-lo de maneira certa! O sucesso seu eh vc mesmo quem irá fazer!
    Sucesso na carreira, e continue escrevendo textos desse gênero, e de outros tbem, pois domina bem a linguistica e tem vocabulário!
    Boa sorte menino... o futuro está nas suas mãos!

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  2. Então, vamos lá..acho que entendi o que você quiz mostrar com o texto , e vou responder diretamente pela pergunta!

    Os autores de novelas ou os telejornais?
    Glória Perez, Manoel Carlos, Aguinaldo Silva, de certa forma, assistem aos jornais para criarem seus personagens e suas histórias. Enfim, a ficção copia a realidade ou a realidade copia a ficção?

    Sabe em psicologia, dizemos que não podemos separar alma-corpo,creio que é a mesma coisa..uma auxilia a outra, se acontecem essas desgraças em nosso cotidianos, " a arte imita a vida"!
    Quanto ao que você disse da marcação serrada da imprensa em casos como "Eloá" , eu acho muito importante, todas as atenções ficam focadas em relativo assunto. E quanto aos outros problemas sociais?Temos outros meios de comunicação como o jornal, que além de casos em evidência trazem outr informações!

    É, acho que eh isso! ;)

    Muito bom texto.

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