Vote:

Páginas

Informação, opinião, filmes e fotografias:

- Particularmente, fazer postagem em blog é algo sério e interessante para o meu aprendizado. Por mais que o texto seja meramente um ''bom dia'' ou ''faz calor lá fora'', quero dizer que tudo têm um valor. É aqui que aprendo, erro e acerto. Gosto muito do meu blog, das postagens feitas desde o início e espero que você, leitor, encontre alguma coisa útil que lhe faça comentar ou criticar. Críticas (positivas ou negativas) são sempre aceitas e compreendidas. Pois, diga-se de passagem, é sempre bom ter um espaço pessoal e, supostamente, democrático.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Jornalismo auto(entrevista)

     - Legislação e Ética em Jornalismo: 
 
''Tomar decisões cruciais, muitas vezes em cima de hora: esta é a sina dos editores. Com frequência, essas resoluções envolvem questões éticas. São opiniões que podem provocar grandes repercussões, prejudicar gravemente a imagem de pessoas envolvidas, levar o profissional à derrota diante da concorrência, promover os piores valores.''
 Mário Vitor Santos (Ex-Ombudsman da Folha de São Paulo) 
 
Imagine que você é parte do Conselho Editorial de um jornal. Surgem alguns ''dilemas'' jornalísticos e éticos que precisam ser resolvidos em 20 minutos de discussão. O registro das decisões deve ser por escrito. Neste exercício, algumas das situações são reais, outras, não, mas haja como se todas fossem verdadeiras e urgentes. Soluciona-se junto com os outros membros do Conselho.  
 
Caso 1: 
 Um delegado investiga caso de assassino em série e descobre o nome do único suspeito (que ele assegura ser o criminoso). O suspeito está à solta e representa um perigo. O delegado fornece o nome do suposto serial-Killer a todos os órgãos de imprensa que o procuram. Como não há tempo para checar a informação antes do fechamento da edição, seu repórter de polícia defende a não-publicação do nome. Você aceita.
No dia seguinte, seu jornal é o único a não trazer a informação, que logo se revela verdadeira. Que atitude você toma? Como vai tratar o assunto agora? E quanto ao repórter, ele estava certo ou não?
 
Saulo José: Independente de outros veículos de comunicação publicarem ou não o nome do suspeito, tenho que considerar - primeiramente - o direito de segurança do acusado. Não publicando o nome do suspeito, estarei trabalhando de forma ética e cuidadosa com o meu público. Até então, posso estar preservando não só a pessoa acusada, como também a credibilidade do meu repórter e da minha empresa. 
 Sendo assim, não tenho a menor dúvida que meu repórter teve uma atitude correta e necessária ao contexto. Caso publicar algo sobre a situação seja urgente, é sempre relevante alertar sobre o caso, mas informar também que a não-publicação do nome é, ainda, por cuidados morais. O dia seguinte é o próximo dia. Se for confirmado o envolvimento da pessoa, posso a partir disso elaborar uma boa matéria, de forma complementar e com certeza naquilo que escrevo. 
 
Caso 2: 
 Bem no começo dos capítulos da série Twin Peaks, levada ao ar no Brasil, no início da década de 90, você, editor de caderno cultural, já sabe quem matou Laura Palmer, ou seja, sabe o desfecho da série, que fora transmitida anteriormente nos Estados Unidos, com grande sucesso, aumentando a expectativa no Brasil. De posse da informação, você a publica ou não? Se sim, de que modo. Se não, por quê?
 
Saulo José: Ao ler a pergunta ''perguntei''... Tal tema é de interesse público? É jornalístico? Infelizmente as respostas não resolvem meu problema, afinal, sendo jornalístico ou não, é de se considerar que alguém se interessa pelo assunto. 
 O que é relevante nesse caso, é saber como trabalhar num jornal esse tipo de assunto. Sendo específico de um caderno cultural, seria mais relevante trabalhar com pistas e dicas sobre a morte da personagem. Não revelando abertamente que matou Laura Palmer....
 Com esse mesmo tema, o jornal Folha de S.Paulo teve uma criatividade justa e divertida. Publicando uma reportagem sobre quem matou... A Folha de S.Paulo não deixou barato e junto publicou: ''Se você não quer saber quem matou Laura Palmer, não leia a matéria''. Interessante, não é mesmo? 
 
Caso 3: 
Depois de entrevistar o prefeito em seu gabinete, o jornalista recebe uma ligação do entrevistado: ele quer ler a matéria antes que esteja publicada. O que se faz? 
 
Saulo José: Não têm muito o que pensar e discutir. Sou jornalista, profissional, tenho credibilidade e procuro agir de forma ética com meus entrevistados. Se sou profissional, meus entrevistados devem confiar em mim e no que me dizem. Por isso vou publicar apenas o que foi falado na entrevista. Não é por ser prefeito ou qualquer outra autoridade que vou liberar um trabalho meu antes da publicação. Até porque será um desrespeito aos meus leitores... 
 Quer ler a matéria com sua entrevista? é só aguardar que no dia seguinte estará nas bancas. 
 
Caso 4: Um fotógrafo que está fazendo matéria sobre trânsito, percebe que um famoso jogador de futebol, que está próximo a ele, vai se jogar na frente de um caminhão. Ele deve tentar impedí-lo? Ou se posiciona para fazer a foto no melhor ângulo?
 
Saulo José: Contexto e situações são específicos. Mas acredito que antes de ser jornalista, qualquer um é ser humano. 
 
-Baseado em questões propostas pelo ex-ombudsman da Folha de S.Paulo  

Nenhum comentário:

Postar um comentário